quinta-feira, 26 de novembro de 2015

QUANDO DEVO ME LIVRAR DO MEU SMARTPHONE?




Por John Piper


Josh, na Carolina do Sul, quer saber quando é a hora de deixar o smartphone para usar um “burrofone”? Arlene, do norte da Flórida, pergunta: “Pastor John, eu ouvi o pastor Matt Chandler dizer diversas vezes que o nosso amor – e vício- em tecnologia tem-nos feito nervosos e impacientes. Eu vejo isso em mim no meu casamento e na criação dos meus filhos . O meu iPhone pode ser a razão pela qual eu não tenho perseverado na fé? Se sim, como faço para que isso pare de acontecer?” Duas questões importantes na mesa.




Bem, primeiro em resposta a Arlene – se o meu iPhone pode ser a razão de eu não perseverar – esse é o texto bíblico que me veio à mente: 2 Timóteo 4.10. “Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou”, diz Paulo, “e se foi para Tessalônica”. O surpreendente é Demas ser mencionado outras duas vezes nos escritos de Paulo, antes disso. Em Filemon 1.23-24 é dito: “Saúdam-te Epafras, prisioneiro comigo, em Cristo Jesus, Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus cooperadores”. Então, Demas é um companheiro de trabalho de Paulo no ministério. E em Colossenses 4.14, diz: “Saúda-vos Lucas, o médico amado, e também Demas”. Este está presente em três epístolas e, em duas delas, é um companheiro de trabalho e, em uma, foi embora. Desertou. “Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou.”

Bom, eu não sei. Nós não sabemos se Demas se arrependeu. Talvez sim. Eu espero que sim. Mas, até onde a gente sabe, Demas não perseverou na fé. E, aparentemente, ele provou ser um falso cristão. E isso acontece. Já vimos isso na vida real, em nossos dias. E a razão pela qual ele abandonou e naufragou aparenta ser o amor por este mundo. Mas como isso se relaciona com a pergunta da Arlene? O iPhone dela está, de certa forma, fazendo com que ela fique nervosa e impaciente com seus filhos e com seu marido, então ela está corretamente perguntando: “Será que meu iPhone é a razão pela qual eu não tenho perseverado?”

Logo, a resposta seria que o mundo não destruiu Demas; mas o seu amor pelo mundo que o destruiu. Um iPhone não pode – e não vai – destruir um casamento, uma mãe ou uma alma. Mas o amor pelo que está no iPhone é que vai. Eu não acho que o Senhor dirá a alguém no Dia do Julgamento: “eu nunca te conheci porque você tem um iPhone”. Mas ele pode dizer: “eu nunca te conheci, porque você amou mais ficar no Facebook e comprando online do que a mim”.

Quando Jesus, em Mateus 5.29, disse: “ Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno”, ele estava falando principalmente sobre pecados sexuais. Mas o princípio, para mim, pode ser aplicado a qualquer atração destrutiva. Nós devemos dar passos radicais contra coisas que intrinsecamente são neutras ou boas com o fim de lutar contra o que é mal em nossos corações. Por que arrancar fora seu olho quando ele não é o problema? O problema é a luxúria!

Bem, como o olho é cúmplice, o telefone também o é. É melhor arrancar o olho fora do que ser jogado no inferno. Pobre do olho. Melhor dizendo: Deus criou o olho para um bom propósito. Ele é bom. Essa é a forma radical de Jesus dizer: “você tem que fazer o que for necessário, dispensando até mesmo coisas boas com o fim de evitar o que é mau.

Esse ponto leva-nos ao Josh, já que as questões são muito similares. Ele perguntou: “seria muito radical rejeitar a tecnologia e a maré da cultura, indo de volta para o celular básico, daqueles de flip” – acho que é isso o que ele quis dizer. E aqui está a minha resposta: provavelmente não é mais extremo que arrancar os seus olhos. Então Josh pergunta: “bem, quando é a hora certa de fazer isso, de largar o meu smartphone?” E a Arlene pergunta: “como evitar que o meu iPhone ameace minha perseverança na fé?”

Meu palpite é que alguém irá dizer: “veja, Piper. Se o telefone não é o problema, mas meu coração que o é, então não faz sentido largar o telefone”. Então respondo: “Não, não é sem sentido deixar o telefone”. Se isso for tudo o que você pretende fazer, então é inútil, mas nós estamos sempre lutando em duas frentes na batalha pela santidade. Nós estamos lutando na frente interna do coração – a qual deve ser satisfeita em Jesus, para vê-lo claramente, amá-lo profundamente e segui-lo tão de perto que nada, nem um smartphone consiga nos controlar. Nada pode nos controlar, senão Jesus. Obviamente, esse é o campo de batalha principal. Ame mais a Jesus e você não será escravo do seu smartphone.

Mas, biblicamente, nós estamos lutando, também, na frente externa, para remover ou evitar tropeços à nossa fé. Percebe? Em Romanos 13.14, nós lemos: “nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências”. Viciados em drogas, não brinquem com agulhas. Alcoólatras, não mantenham estoque de bebidas. Olhos sexualmente carregados, coloquem proteções em seus computadores e viciados em smartphones que estão jogando suas vidas fora ou que estão desperdiçando dinheiro ou que estão se tornando irritáveis, bravos e impacientes, voltem a usar celular de flip. Isso não é antibíblico. Isso não é legalismo. Isso é sabedoria. Isso é lutar em todas as frentes pela santidade, no poder do Espírito Santo, por seu coração, pelo Senhor e pela sua família.

É totalmente legítimo, eu diria, livrar-se de uma tecnologia em particular que esteja característica e cronicamente afetando você. Isso seria uma atitude bem inteligente. E quando começar? O que posso dizer é: ore e peça ao Senhor para que fique claro quando você deve tomar esse passo. Fale com pessoas sábias, maduras e espirituais da sua igreja, aqueles que lhe conhecem melhor, e procure os conselhos deles.

E, para terminar, sempre direcione o seu principal esforço espiritual em conhecer, amar e confiar em Cristo. Livrar-se das más influências não faz ninguém amar a Cristo por si só. A verdadeira libertação da escravidão da tecnologia não vem em jogá-la fora, mas em encher-se das glórias de Jesus, as quais você tem substituído pelos prazeres do smartphone.

Lute contra o enganador e fugaz prazer do iPhone com a verdade, com os prazeres duradouros de conhecer e ser cuidado por Cristo.

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Traduzido por Victor Bimbato no Reforma21

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